"Quando saí de 'Malhação' entrei em crise", diz a atriz Fernanda Nobre, a Luísa de "Poder Paralelo"

Fernanda Nobre gosta de se deixar levar pela intuição. Prova disso é que a atriz, que vive a Luísa de "Poder Paralelo", não pensou duas vezes quando surgiu a oportunidade de trocar a Globo pela Record. "Vim por causa do Herval Rossano. Era uma chance de fazer um trabalho dele, que é um mestre da TV", lembra, referindo-se ao diretor de "A Escrava Isaura", sua primeira novela na emissora, em 2004. Mesmo disposta a encarar o novo, Fernanda, que havia encerrado em 2003 uma temporada de três anos como a Bia de "Malhação", da Globo, admite ter sentido um certo receio. "Estava dando um tiro no escuro, não sabia o que iria acontecer", confessa. "Mas alguma coisa me disse que seria bom", comemora.



Hoje, em sua décima novela, Fernanda interpreta uma jovem de 20 anos dividida entre um casamento supostamente perfeito e o grande amor de sua vida. Na trama de Lauro César Muniz, a personagem sofre a pressão da família para ficar com André (André Bankoff), já que ele é considerado um típico bom partido. Mas é pelo fotógrafo Dog (Miguel Thiré) que o coração da moça bate mais forte. Essa insegurança, tão comum nos jovens, é também familiar para Fernanda, que se diz parecida com a personagem. "Faço uma menina como eu fui, que não sabe o que quer e está se descobrindo", conta. Mas, para a atriz, as semelhanças não facilitam a composição. "É difícil fazer algo tão próximo. Descobri nesse trabalho que é melhor não se distanciar. Não é preciso representar, só interpretar", explica.

Fernanda aprendeu também a ter responsabilidade desde cedo. Ela começou a trabalhar aos 8 anos, quando estreou na TV como a Bibi de "Despedida de Solteiro", exibida pela Globo em 1992. Mas a atriz, apesar de não ter ido a vários passeios com os coleguinhas, garante que, na época, não percebia que poderia estar perdendo parte da infância. "Não lembro disso como um problema. Ao contrário: quando não estava trabalhando é que era", diz. Tanto que, desde lá, Fernanda não parou mais e atuou em "Quatro Por Quatro", em "Cidadão Brasileiro" e em "Prova de Amor" - as duas últimas da Record -, entre outras produções.

Você já trabalhou com Lauro César Muniz em "Cidadão Brasileiro" e teve a chance de conhecer o texto do autor. Repetir essa parceria facilita a sua atuação?

A gente já pega o jeito do autor, o tempo dele. Mas o texto do Lauro é tão bom, que fico muito nervosa, quero fazer muito bem. É muita responsabilidade. Toda cena é uma grande cena. Por mais que a gente só esteja almoçando e batendo papo, não é um "blá blá blá" para encher linguiça. Então, é preciso estudar cada cena. Nunca tinha feito uma novela assim.

A sua personagem tem 20 anos e você esta prestes a completar 26. Como a composição do visual ajudou para que essa diferença não ficasse aparente? Você gosta de mudar para os papéis que interpreta?

Faço uma novela atrás da outra, então visualmente tenho de mudar. Estava morena e agora voltei a ser loura. Precisava ficar muito nova, por isso cortei a franja. Acho que a mudança ajuda. Se o personagem é bom, a gente muda qualquer coisa.

Você começou muito cedo na carreira de atriz, aos 8 anos. Em algum momento pensou em seguir outra profissão?

Quando saí de "Malhação", entrei em crise. Não sabia se era isso mesmo que desejava e como iria criar meus filhos nessa incerteza. Estava no momento em que toda menina pensa o que quer ser na vida, e eu já era. Fiz um ano de Psicologia e vi que não era aquilo. Incerteza sempre vai ter, tenho de fazer o que gosto.

Você é a protagonista feminina do filme "Léo e Bia", de Oswaldo Montenegro. Como foi fazer esse projeto?

Foi muito intenso, um mergulho. Foi um processo de cinco meses de ensaio para a gente filmar em um mês e meio. Vivo uma atriz que faz parte de um grupo de atores de Brasília. Eles procuram viver da arte, mas Brasília não tem esse espaço e eles querem abrir novos horizontes. E a Bia tem uma dependência emocional com a mãe. É um papel bem difícil.



Luana Borges / PopTevê