Petisco da Veia
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quinta-feira, 18 de junho de 2009

O dia em que ela decidiu depilar a virilha

Postado por Equipe Foka às 17:15
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Um belo dia decidi, por livre e espontânea pressão das amigas,a me render à depilação na virilha. Falaram que eu ia me sentir dez quilos mais leve. Mas acho que um montinho de pentelho não pesa tanto assim? Disseram que meu namorado ia amar como um louco, que eu nunca mais ia querer outra coisa. Eu imaginava que ia doer pra cacete, porque elas ao menos me avisaram que isso aconteceria de fato. Mas não esperava que por trás disso, e bota por trás nisso, havia toda uma indústria "pornô-ginecológica-estética". - Oi, queria marcar depilação com a Penélope. - Vai depilar o quê? - A virilha. - Normal ou cavada? Parei aí. Eu lá sabia que diabos seria essa tal virilha cavada. Mas já que era pra fazer, queria fazer direito. - Cavada mesmo. - Amanhã, às… Deixa eu ver…13hs? - Ok. Marcado. Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisas leves, saladas, frango grelhado, só não comi isopor, mas sabia o que me esperava. Coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique. Escolhi uma calcinha apresentável, fio dental E lá foi eu, a tonta. Assim que cheguei, Penélope estava me esperando. Moçoila alta, mulata, bonitona. Oba, vou ficar que nem ela, legal. Pediu que eu a seguisse até o abatedouro onde o ritual seria realizado. Saímos da sala de espera e logo entrei num longo corredor. De um lado a parede e do outro, várias cortinas brancas, parecendo um centro espirita. Por trás delas ouvia gemidos estranhos, gritos selvagens, conversas. Uma mistura de "Brasileirinhas" com "O Albergue". Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão sequer. Eis que chegamos ao nosso mimoso cantinho: uma maca, cercada de cortinas. - Querida, pode se deitar. Tirei a calça e, timidamente, fiquei lá estirada de calcinha fio dental na maca. Mas a Penélope mal olhou pro meu rabo. Virou de costas e ficou de frente pra uma mesinha. Ali estavam os aparelhos de tortura. Vi coisas estranhas. Uma panela, uma máquina de cortar cabelo que mais parecia uma arma de caça, uma pinça. Meu Deus, era O Albergue mesmo! De repente ela vem com um barbante na mão. Fingi que era natural e sabia o que ela faria com aquilo, Mas sabia o cacete, fiquei atônita, imaginano, essa nega vai me estrangular e fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da minha calcinha e a amarrou bem forte como quem prepara um lombo assado. - Quer bem cavada? - …É… é, isso. Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da minha "perseguida".

Abigail, nome carinhoso da minha perereca, esqueci de apresentar antes. - Os pêlos estão altos demais, parecendo a Mata Atlântica. Vou cortar um pouco senão vai doer mais ainda. - Ah, sim, claro. Claro o caramba, não entendia porra nenhuma do que ela fazia. Mas confiei, ela é profissional. De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um líquido viscoso e quente (via pela fumaça). - Pode abrir as pernas. - Como assim abrir as pernas? Vai me depilar ou me comer? Assim? - Não, querida. Que nem borboleta, sabe? Dobra os joelhos e depois joga cada perna pra um lado. - Arreganhada, né? Ela riu. Que situação ! ! ! E então, Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha mimosa. Gostoso, quentinho, agradável. Até a hora de puxar….. Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele de meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sobrado na maca. Não tive coragem de olhar. Achei que havia sangue jorrando até o teto. Até procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possibilidade de ligar para o SAMU ou para a Ossel e enterrar logo. Tudo isso buscando me concentrar em minha expressão, para fingir que era tudo supernatural. Penélope perguntou se estava tudo bem quando me notou roxa. Eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de que doesse mais. - Tudo ótimo. E você? Ela riu de novo como quem pensa “que garota estranha”. Mas deve ter aprendido a ser simpática para manter clientes. O processo medieval continuou. A cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope. Lembrava de minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que era tudo uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer. Todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas. - Quer que tire dos lábios? - Não, eu quero só virilha, bigode não. - Não, querida, os lábios dela aqui ó. Não, não, pára tudo. Depilar os tais grandes lábios? minha xereca em si? Putz, que idéia de jerico. Mas topei. Quem está na maca tem que se foder mesmo. - Ah, arranca aí. Faz isso valer a pena, por favor. Não bastasse minha condição, a depiladora do lado invade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail. - Olha, tá ficando linda essa depilação. - Menina, mas tá cheio de pêlo encravado aqui. Olha de perto. Se tivesse sobrado algum pentelhinho, ele teria balançado com a respiração das duas. Estavam bem perto dali. Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo. “Me leva daqui, Deus, me teletransporta pra Marte”. Só voltei à Terra quando entre uns blá blá blás ouvi a palavra pinça. - Vou dar uma pinçada aqui porque ficaram um pelinhos, tá? - Pode pinçar, tá tudo dormente mesmo, tô sentindo nada pode vir um jumento me comer que não sinto nada. Estava enganada. Senti cada picadinha daquela pinça filha da mãe arrancar cabelinhos resistentes da pele já dolorida. E quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir. - Vamos ficar de lado agora? - Hein? - Deitar de lado pra fazer a parte cavada. Pior não podia ficar. Obedeci à Penélope. Deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens. - Segura sua bunda aqui? - Hein? - Essa banda aqui de cima, puxa ela pra afastar da outra banda Puxar a bunda e arreganhar a única coisa que ainda me estava virgem. Tive vontade de chorar. Eu não podia ver o que Pê via, o meu fiofó!. Mas ela estava de cara para ele, o olho que nada vê. Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena? Nem minha ginecologista. Quis chorar, gritar, peidar na cara dela, como se pudesse envenená-la com gás metano!. Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido perguntaria: - Tudo bem, Pê? - Sim… sonhei de novo com o cu fechadinho de uma cliente. Mas de repente fui novamente trazida para a realidade. Senti o aconchego falso da cera quente besuntando meu Twin Peaks. Não sabia se ficava com mais medo da puxada ou com vergonha da situação. Sei que ela deve ver mil cus por dia, que os dias dela devem ser um cu. Aliás, isso até alivia minha situação. Por que ela lembraria justamente do meu entre tantos? E aí me veio o pensamento: peraí, mas tem cabelo lá?cabelo no fiofó? Fui impedida de desfiar o questionamento. Pê puxou a cera. Achei que a bunda tivesse ido toda embora. Num puxão só, Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali. Com certeza não havia nem uma preguinha pra contar a história mais. Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo. Sons guturais, xingamentos, preces, tudo junto. - Vira agora do outro lado. Porra.. por que não arrancou tudo de uma vez? Virei e segurei novamente a bandinha. E então, piora. A broaca da salinha do lado novamente abre a cortina. - Penélope, empresta um chumaço de algodão? Apenas uma lágrima solitária escorreu de meus olhos. Era dor demais, vergonha demais. Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra quem? Ninguém ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito? Só mesmo Penélope. E agora a vizinha inconveniente. - Terminamos. Pode virar que vou passar maquininha. - Máquina de quê?! - Pra deixar ela com o pêlo baixinho, que nem campo de futebol. - Dói? - Dói nada. - Tá, passa essa merda… - Baixa a calcinha, por favor. Foram dois segundos de choque extremo. “Baixe a calcinha…”. Como alguém fala isso sem antes pegar no peitinho? Mas o choque foi substituído por uma total redenção. Ela viu tudo, da perereca ao cu. O que seria baixar a calcinha? E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável. - Prontinha. Posso passar um talco? - Pode, vai lá, deixa a bicha grisalha. - Tá linda! Pode namorar muito agora. Namorar…Namorar??? Eu estava com sede de vingança. Admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso. Mas doía e incomodava demais. Queria matar minhas amigas. Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso. Queria fazer passeatas, criar uma lei anti-depilação cavada.

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